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Com um desejo ardente de trazer a verdade sobre a Escrileitura à luz, as 50 teses seguintes serão defendidas nas catedrais de WITTCAPESBERG, CHEPPENQUE e VANNPÉDY, sob a presidência da necromanceira Warhammera Warga de Wolwea y WHASANSA, Mestra Trolla das Artes, Mestra Orca da Sagrada Misosofia, MestrA Uruka dos Heroscapers e Professora doutora Goblina de Comunicação Oficial das mesmas. Ela solicita que todos os que não puderem estar presentes para com ela disputar verbalmente, façam-no por escrito. E BEM ESCRITO.
In nomine domini nostri excelsi vocationem.
Amém.
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LISTA DAS TESES
Abaixo sucedem as 50 teses:
1. Práticas de
Escrileitura, sem crer que um determinado tipo de leitura e de escrita, como o
Científico, traz felicidade à humanidade.
2.Tão rara como a paixão
amorosa, a Escrileitura é região pantanosa para o mito narcísico, egos
equilibrados e associação à verdade.
3. A Escrileitura participa
dos benefícios do próprio medo à autocatatonia complacente.
4. A Escrileitura tem muita
cautela com a auto-depreciação.
5. Como a Escrileitura não é
realizada nem por amor nem por ódio, não se queixa nem dá queixa; não recrimina
nem insulta; não se idealiza, desvalorizando outras escritas e leituras.
6.As leituras e escritas
diferentes da Escrileitura não são, por esta, julgadas como mais ou menos
originais, adequadas ou produtivas; pois quem é que sabe se elas querem ser
resgatadas da sua invalidade?
7. A Escrileitura não vive o
drama do relacionamento impossível com a escrita e a leitura originárias
perdidas.
8. Liberdade da angústia, nas
relações da Escrileitura com os precursores.
9. Citações, na Escrileitura,
não são o resultado de melancolia mórbida.
10. Nenhuma necessidade de a
Escrileitura atribuir autoridade ao texto ou à correlata identidade do sujeito
que lê e escreve.
11. Assunção, pela
Escrileitura, dos riscos de ler e de escrever; da perdição na infinita
multiplicidade dos sentidos e das línguas; do abismar-se no sem-sentido; do
silenciar definitivo da morte.
12. A graça da Escrileitura é
destinar-se à falência interpretativa.
13. Para manter sua energia e
tensão vitais, à Escrileitura interessam: a bossa, o compasso, a escada, a
balança, a ampulheta, o sino, o caco, o morcego, o arco-íris, o quadrado
mágico, o putto, o aqueduto, o trampolim, o spiritus phantasticus.
14. A Escrileitura possui uma
natureza aérea, pneumática, plumária.
15. A Escrileitura se mantém
apartada dos cânones explicativos e esclarecedores da leitura e da escrita
científicas, impostos apenas aos anjos e aos mortos.
16. Age afirmativamente a
Escrileitura que digere espumantes e sofre da emissão de ares; agem
reativamente as leituras e escritas científicas, que totalizam um mundo
referente, pacífico e ordenado.
17. Semeada pelos Ministros e
Vigias da leitura e da escrita científicas, a cizânia com a Escrileitura é como
a vida: baixa e alta, triste e alegre, cheia e vazia, espiritual e material,
divina e infernal.
18. A ciência da Escrileitura
é só uma: a da criação críptica.
19. Preferindo hieróglifos,
antes do que o logos, a Escrileitura extermina os atos de ler e de
escrever moribundos.
20. Tanto mais interessante
quanto menor for o dogma, a Inscrileitura só não é apupada pelos inducados da
Inducação.
21. Sem abrigo natural,
mobiliário confortável e decoração funcional, a Escrileitura habita o horror do
desespero.
22. Possuindo duas faces, a
Escrileitura as mantém voltadas para um nada de segurança.
23. A Escrileitura paralisa o
gênio contemplativo.
24. Não parece ter sido
provado, por argumentos racionais ou irracionais, que a Escrileitura tenha
qualquer qualidade pela métrica ou pela estática.
25. Encontrando-se desprovida
de função determinada, no contexto onde é lançada, de certeza da
bem-aventurança e de harmonia entre os seus elementos, a Escrileitura é carente
e excluída.
26. Por não encarnar nem
exemplificar; mas, antes, por traduzir ideias; nem por isso, a Escrileitura
fica dispensada de pagá-las com a própria vida.
27. Desde que é da função que
nasce o órgão, livre é a Escrileitura da literalidade.
28. A Escrileitura incursiona
e experimenta novos territórios, ao reler a tradição e reescrever a bagagem.
29. Equivocam-se aqueles que
tomam a Escrileitura enquanto comissionada.
30. Se é que pode ser dito
algo a seu favor, a Escrileitura é dispendiosa.
31. A maior parte do povo está
sendo ludibriada pela escrita e pela leitura, autodenominadas científicas; e
que são baratas, como todas as promessas.
32. A Escrileitura não aumenta
o seu valor com o tilintar das moedas na bancada ou com a secreção da bile
negra do prestígio científico.
33. Diante do tirânico juízo
científico sobre as suas partes abjetas, que a rebaixa ou liquida, não há
indicativos de qualquer contrição ou arrependimento da Escrileitura.
34. Serão condenadas por toda
a Eternidade, juntamente com seus Mestres e Juízes, aquelas leituras e escritas
salvas para publicação pelos Pareceres de Indulgência Científica.
35. Os Pareceres de
Indulgência remetem as escritas e leituras científicas à satisfação cristalina,
ao perdão total e à salvação redentora.
36. Aqueles que ensinam a
doutrina do texto científico não são os mesmos que exercem a lógica paradoxal
ou da sensação.
37. Qualquer Escrileitura
padece de clivagem na estrutura, em decorrência da culpa pecaminosa, que lhe é atribuída
pelos Pareceres de Indulgência Científica.
38. A misericórdia distribuída
pelos Pareceres de Indulgência aguça a consciência da Escrileitura acerca da
sua situação anômala, declarada e assumida de antropófaga.
39. Até mesmo para os mais
doutos leitores e escritores científicos é difícil exaltar, perante todo o
povo, a liberalidade das indulgências, mesmo que argutas, dadas por seus
Pareceres.
40. A Escrileitura desdenha a
distribuição das indulgências científicas; e, mesmo, as odeia, quando há
ocasião para tanto.
41. As indulgências, que
asseguram publicação qualificada, são pregadas, por todas as comissões e
comitês científicos, para que o povo as julgue preferíveis à Escrileitura.
42. A aquisição de indulgências
inviabiliza a equiparação da Escrileitura às leituras e escritas científicas.
43. Dando textos aos pobres ou
emprestando-os aos necessitados de Espírito, a Escrileitura procede melhor do
que se comercializasse indulgências científicas.
44. Através da Escrileitura,
cresce o amor aos textos e eles se tornam potentes; com as indulgências, o
texto queda prisioneiro da obrigação de escrever e de ler cientificamente ou
refém dos Pareceres.
45. Quem despreza a
Escrileitura, para lidar e gastar com indulgências científicas, obtém somente a
ira do povo.
46. Se a Escrileitura não
tiver ideias em abundância, conservará só as necessárias para o texto; e, de
forma alguma, desperdiçará recursos com as indulgências científicas.
47. A Escrileitura não compra
piedade e não aceita clemência científica; por isso, não perde o temor de
escrever e ler.
48. Antes de a Escrileitura
acatar os interesses e critérios dos Comissários de Indulgências, prefere
reduzir a cinzas o seu texto, em vez de edificá-lo com pele, sangue, carne e
ossos.
49. Vã é a confiança na
purificação da Escrileitura, por meio dos Pareceres de Indulgência Científica;
mesmo que aquela desse a sua alma como garantia.
50. São amigos da Escrileitura
aqueles que, outrora e hoje, esculpem palavras, ideias, imagens e signos; são
seus inimigos todos os Profetas das Indulgências Científicas e os com eles
condescendentes; os quais sejam excomungados e amaldiçoados por todo o sempre.
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Oh, herege, para qual Escrita e leitura pendes?
Olha a força da injusta tirania científica sobre o século;
olha o desinteresse cruel pelo mundo artista;
olha a incapacidade de amar o perigo;
olha a inibição de toda atividade e sentimento de auto-desapego ; olha a força da claridade metódica sobre as coroas dos mártires intelectuais!
Deixa, escrileitor, simplesmente,
que leiam e se escrevam os teus textos!
E a Porta do Inferno, o Trono da pesquisa e o Sistema universitário nada poderão contra ti!