sábado, 9 de fevereiro de 2013

Desassossego...


Bolsista de iniciação Científica


Vamos falar de vida, incitar devires, criação... bem como falar da contra-hegemonia, da nudez, do taboo e da controvérsia. A evocação do cadáver no grito, no choro, no gemido e na força do chão em atritos...  O corpo esgotado em crises, devastado, desesperado. O corpo tensiona, resiste e transgride à dominação pela seiva da morte. Ou na potência da vida? No limítrofe da vida, a morte; nas fronteiras últimas da morte, outra vida. Na recusa do corpo saudável, sua trans-gressão/figuração, as dobras, o contraste e a distorção do ocidente tecnológico e modernizado. Quais são as linhas de fuga? Tácito-sensível-estético... corpos assombrados, machucados, debilitados, envelhecidos, padecidos/afetivamente apodrecidos etc., são todos polemicamente bem-vindos, antes mesmo, na prioridade estética, aos corpos vigorosos de potenciais bailarinos.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Dispersão de vozes

Alessandra Christina Arantes Abdala Azevedo
Bolsista de Mestrado do Projeto Escrileituras


Dispersão.  Esta talvez seja a palavra que melhor expressa esta resenha.  Característica  relacionada ao filósofo e teórico literário franco-argelino, Jacques Derrida. Alguém que se propôs a criar um ritmo de percursividade ao texto: “Tenho escrito muitos textos com  vozes díspares, e a espacialidade é visível neles. Há várias  pessoas  falando,  e  isso  implica uma  força  de  dispersão  de  vozes,  tons,  que produz automaticamente espacialidade” 
Percorri uma pequena parcela da vasta bibliografia nos deixada por Derrida e percebi que seus livros são rastros, ou melhor pistas. Quanto mais os lia, com o desejo de encontrar respostas, mais megulhava em questões abissais. E assim me chegou o livro “No escribo sin luz artificial”. Uma coletânea de entrevistas, feita em momentos distintos que acenaram a possibilidade de Saber de Derrida através da sua fala - que melhor representa a tradução da sua escritura – Para mim funcionou como se estivéssemos numa conversa [literalmente, versando a dois ], pois tornou-se possível, conhecê-lo [e admirá-lo], um pouco melhor. 
Por força da minha formação inicial – sou graduada em Fonoaudiologia -  até chegar a este livro, ainda procurava um método. Apesar de Derrida alertar da “cilada” que consiste em usar todas as nossas garantias de racionalidade, querer encaixar e pensar nas garantias, racionais, o que acaba nos encaminhando para o pensamento metafísico. Evoco palavras do Prof. Silas Borges Monteiro – partilhadas em sala de aula -  que diz diante de um texto de Derrida, só são possíveis, as interjeições. Uau! Segundo sua explanação, Derrida usa como estratégia esse modo de dizer das coisas que podem ser ditas de maneira que são e ao mesmo tempo não são. Se por um lado, esta forma demonstra seu estilo; por outro lado é um convite ao leitor para que diga o que tem a dizer. 
DO TEXTO:
A entrevista intitulada de Dispersão de vozes, foi originalmente concebida sob o título de “Las Artes Del Espacio” concedida em Laguna Beach, Califórnia em 28 de abril de 1990 a Peter Brunette e David Wills e publicada inicialmente em: Desconstrução e artes Visuais da Universidade de Cambridge em 1994, cap. 1,  p. 9-32. Em 1999, Derrida agregou-a outras entrevistas e as converteu em um livro: No escribo sin luz artificial. Valladoliz: Ediciones Mauricio Jalón; ainda sem tradução para o português
O cenário de fundo para esta entrevista estava relacionado as artes do espaço.Como primeira provocação, os entrevistadores o arguem sobre o fato de sua proclamada “incompetência técnica” em vários âmbitos do seu trabalho (por exemplo: sobre arquitetura, cinema), não funcionar como impeditivos para que escreva sobre um amplo número de assuntos que estão “fora” de sua formação. É provocado para definir os limites do que ele traz  a cada domínio, sem saber onde colocar exatas, tais limites.
Derrida responde esta questão partindo da sua competência fornecida pela formação filosófica, Afirma, ter inventado um certo programa, uma certa matriz de investigação  que permite começar a pensar sobre as questões – perguntas sobre a competência em termos gerais. 
Ao aproximar-se de uma obra literária, Derrida ressalta apresentar sempre o mesmo gesto: o de sempre tentar respeitar a singularidade de uma obra. Este gesto é para encontrar, ou pelo menos procurar, o que este trabalho é, o seu poder de resistência à autoridade exercida pelo discurso filosófico sobre o assunto. 
O mote desta arguição,  fala sobre “ARTES VISUAIS”. Derrida as contextualiza dentro das artes espaciais; e como questão geral das artes do espaço, porque, para ele a resistência à autoridade filosófica parece ser produzida dentro de uma certa experiência de se espacializar o espaço. Em outras palavras, a resistência ao logocentrismo tem uma melhor chance de aparecer nesta arte.

Referências Bibliográficas
DERRIDA. No escribo sin luz artificial. Valladoliz: Ediciones Mauricio Jalón, 1999.